Este artigo foi inspirado em uma fala de Bela Batista, subsecretária da Habitação, que também já esteve como subsecretária da Mulher, que trouxe à tona a relação entre o ciclo da violência contra a mulher e certos comportamentos políticos que perpetuam promessas vazias e abusos de poder. O ciclo da violência contra a mulher é marcado por fases repetitivas: tensão, explosão de violência e promessas de mudança que nunca se concretizam. Esse padrão reflete de forma alarmante a candidatura do Partido dos Trabalhadores a prefeito de Camaçari, um político que já foi prefeito três vezes, envolvido em escândalos e promessas não cumpridas, mas que ainda encontra apoio em uma parcela de militantes do seu partido que parece acreditar em sua capacidade de “virar a chave”.
O candidato possui um histórico problemático. Ele foi acusado de corrupção em uma licitação fraudulenta de mochilas escolares, foi preso com uma caixa de dinheiro em espécie e ficou inelegível devido a processos judiciais. Foram 57 promessas amplamente divulgadas, como a remoção da linha do trem, vila olímpica e a revitalização do Rio Camaçari, jamais foram cumpridas. Mesmo com esse histórico, os militantes se prendem à ilusão de que, após tantas falhas, ele possa ser a solução para os problemas da cidade, repetindo o ciclo de decepção.
Além das acusações de corrupção, ele também tem um histórico de desprezo pelos servidores públicos, quando no poder, manteve uma relação conflituosa com o Sindicato dos Servidores de Camaçari (SINDSEC). Durante suas gestões, ele não concedeu reajustes salariais, auxílio alimentação e auxílio transporte aos servidores, exacerbando as dificuldades enfrentadas por aqueles que mantêm a cidade funcionando, inclusive numa das reuniões com o SINDSEC, um dos diretores, que hoje é o atual presidente, disse que estava pedindo apenas comida para os servidores. Esse desprezo pelo funcionalismo público revela uma face ainda mais preocupante de sua gestão, que negligencia os direitos e as necessidades básicas dos trabalhadores.
Um exemplo claro desse descaso foi a efetivação dos agentes comunitários de saúde (ACS), por determinação legal. No entanto, mesmo com a efetivação, ele não recolheu as contribuições previdenciárias devidas durante o período de vínculo empregatício precário dos ACS, o que está gerando dificuldades para a aposentadoria destes ACS. Da mesma forma, os auxiliares de enfermagem não foram reenquadrados como técnicos de enfermagem, o que hoje resulta em prejuízos financeiros quando estes servidores se aposentam.
A relação conflituosa com os servidores e a falta de compromisso com suas condições de trabalho são mais um sintoma desse ciclo político abusivo. Promessas são feitas para aliviar a pressão, mas não são cumpridas, e os trabalhadores e a população continuam sofrendo as consequências. Assim como na dinâmica da violência doméstica, muitos eleitores acreditam que desta vez “será diferente”, mas o histórico do candidato sugere que as mesmas práticas prejudiciais serão repetidas.
O ciclo de violência política que o candidato do PT representa não afeta apenas a administração pública, mas também os servidores e a população como um todo. A promessa de “virar a chave” é uma estratégia retórica que tenta apagar o passado, mas as falhas e o descaso permanecem. Camaçari precisa romper esse ciclo, assim como uma vítima de violência precisa romper com o agressor para que haja verdadeira mudança e crescimento.
A reflexão crítica sobre o passado é essencial para que Camaçari possa avançar. Assim como na luta para superar a violência contra a mulher, a população precisa se libertar das ilusões de mudança que não se concretizam. É hora de virar a chave, sim, mas em direção a uma nova política que respeite a população e os servidores, proteja os direitos dos trabalhadores e promova uma gestão ética e transparente para toda a cidade.
Artigo publicado no Camaçari Agora.
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