Estudantes do Colégio Estadual Polivalente, em Camaçari, denunciaram um suposto crime eleitoral na última terça-feira (22), alegando terem sido coagidos a participar de uma reunião com membros da campanha do candidato à prefeitura, Luiz Caetano (PT). De acordo com relatos e vídeos enviados ao portal Bahia no Ar, alunos foram convocados para uma reunião do Grêmio Estudantil, mas, ao chegarem ao auditório, encontraram militantes políticos promovendo a candidatura de Caetano. Uma estudante também acusou o diretor da escola de proibi-la de usar materiais de apoio a Flávio Matos (União Brasil), enquanto permitia a exibição de adesivos do PT, sugerindo que ela seria beneficiada caso mudasse de lado na campanha.
A ação, que também foi registrada em outra unidade escolar dias antes, envolvendo a deputada Ivoneide Caetano (PT), fere a legislação eleitoral, que proíbe propaganda política em bens públicos, como escolas. Em resposta, a Secretaria de Educação do Estado (SEC) negou qualquer atividade eleitoral, afirmando que o evento realizado na escola foi em homenagem ao Mês dos Professores, com apresentações culturais e a entrega de livros.
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Coagir estudantes a participarem de uma reunião com militantes de uma campanha eleitoral fere diretamente os princípios de imparcialidade e neutralidade que as instituições de ensino devem preservar, além de configurar crime eleitoral, dado o uso indevido de um espaço público para fins de promoção de um candidato.
A escola, como espaço de formação cidadã e crítica, jamais deve ser instrumentalizada como ferramenta de manipulação política. A convocação dos alunos sob pretexto de uma reunião de liderança e a subsequente exposição à propaganda política é uma tática que, além de antiética, suprime a autonomia dos jovens e distorce o propósito educacional. É alarmante que, segundo as denúncias, essa prática tenha sido realizada com a conivência da gestão escolar, que deveria primar pelo ambiente neutro e plural.
A segunda acusação torna o quadro ainda mais grave, ao sugerir favorecimento e chantagem política, ao impedir o uso de materiais de uma campanha adversária, enquanto autoriza livremente a promoção de outro candidato. Isso revela uma postura de controle ideológico que é inaceitável em uma democracia. Essas ações não apenas violam o direito à livre escolha dos indivíduos, mas também contaminam o ambiente escolar com práticas que corrompem o debate político saudável, que deveria ser pautado pelo respeito e pela equidade de condições.
Esse tipo de conduta precisa ser rigorosamente investigado, e os responsáveis devem ser punidos. Se comprovadas, tais ações evidenciam uma clara violação dos princípios democráticos, além de uma afronta ao papel formativo que a educação deve desempenhar.