O prédio histórico da Câmara Municipal de Salvador estava sem seguro contra incêndios no dia em que parte do forro e do telhado foram destruídos pelo fogo, em 24 de fevereiro. A cobertura anterior, contratada com a Gente Seguradora, venceu em 12 de fevereiro, e o processo de renovação não foi concluído a tempo. Sem a apólice vigente, os custos da reforma do imóvel, inaugurado no século 17 e considerado um dos mais importantes exemplares da arquitetura colonial brasileira, serão bancados pelos cofres públicos.
A situação se agravou porque a nova seguradora selecionada, a Porto Seguro, não conseguiu firmar contrato devido a pendências no Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal (Cadin). Após o incêndio, em 26 de fevereiro, a Câmara tentou recontratar a Gente Seguradora, mas a empresa recusou o acordo, o que levou o legislativo municipal a ampliar a busca por uma nova seguradora. Até o momento, o processo de contratação ainda não foi concluído.
Com a destruição do telhado sobre o Salão Nobre e as salas de comissões, a Defesa Civil interditou o Paço Municipal por precaução. Sessões da Câmara foram transferidas para um auditório anexo à Prefeitura, enquanto servidores passaram a atuar em outros espaços ou em home office. No dia do incêndio, funcionários conseguiram salvar móveis, quadros e peças históricas do Memorial da Câmara Municipal, evitando perdas maiores para o patrimônio cultural da cidade.
Diante da necessidade de restauração, o presidente da Câmara, vereador Carlos Muniz (PSDB), anunciou que a reforma emergencial do telhado será conduzida pela Fundação Mário Leal Ferreira, vinculada à Prefeitura de Salvador. O órgão também desenvolverá um projeto para uma requalificação mais ampla do edifício, mas ainda não há estimativa de custos para a obra completa.
A tragédia reacendeu o debate sobre o futuro da Câmara no Paço Municipal. Carlos Muniz defende que o prédio passe a abrigar um museu do Legislativo e que o plenário seja transferido para outro local. Uma das opções avaliadas é o antigo Cine Excelsior, na Praça da Sé. Segundo ele, essa mudança garantiria a preservação do edifício histórico sem comprometer as atividades parlamentares.
O incêndio na Câmara não foi o único caso recente envolvendo danos a patrimônios históricos da capital baiana. Em fevereiro, o teto da Igreja e Convento de São Francisco desabou, resultando na morte da turista paulista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, e deixando outras cinco pessoas feridas. Após o incidente, oito templos religiosos de Salvador foram interditados preventivamente.
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