A recente resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proíbe o uso de bloqueadores hormonais em crianças e adolescentes com disforia de gênero, provocou forte reação de famílias de jovens trans em todo o país. Pais e responsáveis alegam que a medida representa um retrocesso grave nos direitos e na saúde dessa população, que já enfrenta altos índices de sofrimento psicológico e social.
Em São Paulo, a mãe de Chloe Stanley, uma menina trans de 12 anos, contou que a família foi surpreendida pela mudança após conquistar judicialmente o direito ao tratamento hormonal. Diagnosticada com disforia de gênero severa, a jovem teme a chegada da puberdade e o desenvolvimento de características masculinas. “Nosso mundo desabou. Chloe está desolada”, disse Tatiam Stanley, que teme que outras famílias recorram a métodos perigosos para acessar o tratamento negado.
Relatos semelhantes surgem de diferentes regiões do Brasil. Em Florianópolis, o pai de uma menina trans de 9 anos lamentou a proibição, destacando o impacto na saúde mental das crianças e o risco de intensificação da transfobia. “A terapia hormonal é uma forma de proteção e afirmação. Sem isso, essas crianças se sentem mais vulneráveis. A depressão entre jovens trans já é altíssima”, afirmou Diogo Leal.
A resolução publicada em 16 de abril determina que a hormonização cruzada só pode ocorrer a partir dos 18 anos e restringe também cirurgias de redesignação. O CFM justifica a medida com base em riscos à saúde e na falta de consenso científico, citando experiências de países como Reino Unido, Suécia e Finlândia, que também limitaram esse tipo de tratamento para menores.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para investigar a legalidade da resolução, após denúncias de entidades como a Antra e o Mães pela Diversidade. Enquanto isso, famílias continuam mobilizadas, buscando alternativas e exigindo diálogo sobre uma decisão que, segundo elas, compromete a dignidade e os direitos fundamentais de seus filhos.
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