Mais de 38 metros de comprimento e cerca de 77 toneladas, o equivalente a três caminhões-cegonha enfileirados e 18 elefantes em relação ao peso. Os números impressionam, e fica ainda mais interessante quando dizemos que se trata de um animal. Mas não é qualquer bicho. O Patagotitan é o maior animal terrestre conhecido e habitou o planeta há 101 milhões de anos.
A descoberta é recente, de 2014, e foi feita na província argentina de Chubut, no meio da Patagônia. O fêmur desse gigante e uma réplica em tamanho real podem ser vistos até o dia 27 de novembro em uma exposição no Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera.
Os olhos do pequeno Mateus, de 4 anos, brilharam já no início da exposição, mas a curiosidade mesmo era para conhecer o maior de todos. Talvez o dinossauro preferido, o T-Rex, perca espaço para o tiranossauro vindo da Patagônia. “Ele adora. Ele tem muito interesse”, conta a avó Stela Vilela, de 65 anos, que trouxe o neto apaixonado pelos dinos. Na exposição Dinossauros Patagotitan – O Maior do Mundo também é possível conhecer o brasileiro Buriolestes schultzi, que viveu há 233 milhões de anos, o mais antigo do mundo.
“[De] dinossauro todo mundo gosta. E é muito importante chamar atenção para isso por muitas razões, uma delas é que os dinossauros nos ajudam a entender o mundo. Esse mundo moderno que nós vivemos, com seis continentes, os oceanos, com essa diversidade, foi um mundo semeado no tempo dos dinossauros, foi no tempo dos dinossauros que os mamíferos nasceram”, conta o paleontólogo Luiz Anelli, responsável pela exposição no Brasil. Professor da Universidade de São Paulo (USP), ele é escritor de livros como Brasil dos Dinossauros.
E todo mundo gosta mesmo. Viviane Kamiya, de 39 anos, está de férias e trouxe a mãe Sachie, de 71 anos. “Sempre tive muita curiosidade de ver. O tamanho impressiona muito. A gente sabe que eles são grandes, mas quando chegamos perto, a gente vê como a gente é pequeno em relação a eles”. Anelli destaca que os dinossauros são importantes também para mobilizar as pessoas a ir à exposições. “[Eles] levam as pessoas para os museus no mundo inteiro. Os dinossauros colocam um livro no colo de uma criança e a criança pede para o pai ler para ela. Os dinossauros aproximam as crianças da ciência”, comemora.
Descobertas
O paleontólogo destaca que a Argentina se tornou um dos principais polos de exploração e preservação do patrimônio pré-histórico. Devido à localização, tipo de rochas e clima, os fósseis encontrados na Patagônia se destacam pelo grande nível de preservação e acessibilidade. “O Brasil estava numa zona mais árida, mais seca, com diversidade um pouco mais baixa. Então, apesar da gente ter o dobro do tamanho da Argentina e ter cinco vezes mais área de rochas do tempo dos dinossauros aparentes, a Argentina tem cinco vezes mais espécies de dinossauros conhecidas”, explica.
E ainda há muito o que descobrir. “O Patagotitan é um grão de poeira num campo de futebol. Tem muita coisa a ser descoberta, muita, porque a gente só encontra o que está na superfície. O paleontólogo não enxerga um centímetro abaixo da rocha”, aponta. O primeiro osso do Patagotitan, por exemplo, foi encontrado por um pastor que buscava ovelhas perdidas.
A exposição apresenta, ao todo, 16 réplicas de esqueletos de dinossauros completos e 20 fósseis originais. Também está exposto o crânio do Giganotossauro, um dinossauro que se tornou popular depois de derrotar o T-Rex no último filme da franquia Jurassic Park.
Os ingressos custam até R$ 50 e podem ser adquiridos pela internet. Gratuitamente, é possível visitar a Praça DINOS que, além de café e loja, traz um espaço especial para as crianças brincarem em caixas de areia como paleontólogos.
Agência Brasil