Três trabalhadores rurais foram resgatados em situação análoga à escravidão durante uma operação realizada em Serrinha, cidade localizada no interior da Bahia, a cerca de 60 km de Feira de Santana. A operação, conduzida pelo Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA), identificou condições de trabalho degradantes na Fazenda Morrinhos, situada na zona rural do município. O empregador, Geraldo de Aragão Bulcão, de 98 anos, não compareceu ao agendamento com a Gerência Regional do Trabalho de Feira de Santana e tampouco enviou representantes.
A operação ocorreu na última quinta-feira (20/02), quando os trabalhadores foram retirados da propriedade, que estava dedicada à criação de animais como porcos, bois, ovelhas, galinhas e avestruzes. A fazenda, apesar de contar com uma estrutura razoável, não oferecia condições dignas de trabalho e alojamento para os empregados. Os trabalhadores, que estavam sem contrato formal, realizavam suas atividades em condições precárias, sem descanso semanal, e eram expostos a riscos como o manuseio de agrotóxicos sem qualquer tipo de proteção.
Entre as condições encontradas, os trabalhadores viviam em alojamentos extremamente precários, sem acesso a água tratada e sem banheiro. A cozinha improvisada ficava ao lado de um chiqueiro de porcos, gerando forte mau cheiro. A jornada de trabalho era extenuante, com os empregados trabalhando de domingo a domingo, das primeiras horas da manhã até o fim da tarde, sem direito a folgas regulares.
Os resgatados receberam entre R$ 300 e R$ 500 por semana, valores abaixo do que seria esperado, considerando as péssimas condições de trabalho. Dois dos trabalhadores estavam aplicando agrotóxicos sem qualquer proteção, enquanto o outro cuidava dos animais. O vaqueiro, que trabalhava na fazenda desde 2020, revelou que teve apenas um dia de folga durante todo esse período. As vítimas já estão aguardando o pagamento das verbas rescisórias e recebem o seguro-desemprego especial.
O MPT e a Defensoria Pública da União (DPU) agora planejam um termo de ajuste de conduta, buscando uma indenização por danos morais aos trabalhadores. Caso não haja um acordo com o empregador, será ajuizada uma ação civil pública. A operação destaca a necessidade de ações contínuas para erradicar práticas de trabalho análogo à escravidão em diversas regiões do Brasil, como Serrinha, interior da Bahia, onde ainda são encontradas situações alarmantes de exploração laboral.
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