O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) abriu processos administrativos contra 12 entidades acusadas de fraudes na arrecadação de mensalidades sobre aposentadorias, mas deixou de fora três das instituições que mais faturaram com os descontos nos últimos anos. Entre elas estão o Sindnapi, ligado a Frei Chico, irmão do presidente Lula; a Conafer, com vínculos com o ex-ministro José Carlos Oliveira, do governo Bolsonaro; e a Contag, presidida por Aristides Santos, irmão do deputado Carlos Veras (PT-PE).
Segundo auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU), essas três entidades tiveram crescimentos expressivos e suspeitos de arrecadação entre 2019 e 2024. O Sindnapi, por exemplo, arrecadou R$ 259 milhões nesse período, enquanto a Conafer saltou para R$ 484 milhões, ampliando os descontos em 57.000% durante a pandemia. Já a Contag lidera o ranking, com R$ 2 bilhões em receitas oriundas de aposentados.
Apesar desses números, nenhuma das três organizações foi incluída na lista inicial de processos abertos pelo INSS na segunda-feira (5). Diante da repercussão, a CGU assumiu o controle das apurações no dia seguinte, justificando a necessidade de garantir “uniformidade e coesão” nas investigações. As entidades afirmam que não cometeram irregularidades e que os descontos são feitos com autorização dos segurados.
O escândalo dos descontos indevidos foi revelado pelo portal Metrópoles, a partir de reportagens publicadas desde dezembro de 2023. As denúncias resultaram na Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal no mês passado. A operação levou à queda do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
A reportagem procurou o INSS para esclarecer por que essas entidades não foram incluídas entre as investigadas, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestações das partes citadas.
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