O deputado federal André Janones foi gravado sem saber, pressionando seus assessores da Câmara a destinarem uma parte de seus salários para cobrir suas despesas pessoais, prática conhecida como “rachadinha”. Esse comportamento é considerado enriquecimento ilícito, prejudicial ao erário público e pode resultar em inelegibilidade, de acordo com entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em um áudio obtido pela coluna de Paulo Capelli, do site Metrópoles, Janones foi registrado revelando sem rodeios como planejava utilizar o dinheiro proveniente dos vencimentos dos servidores públicos: “Casa, carro, poupança e previdência”, declarou ele.
André Janones, o segundo mais votado de Minas Gerais nas eleições de 2022, teve a conversa com seus assessores nas dependências da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido ao qual é filiado. Antes de solicitar parte dos salários de sua equipe, Janones tentou apelar emocionalmente aos servidores.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha”, tentou convencer Janones. “O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, afirmou.
Em fevereiro de 2019, o jornalista Cefas Luiz, ex-assessor de Janones, gravou o áudio após a primeira eleição do parlamentar. Ele afirmou que levaria essa gravação, juntamente com outras evidências de supostas irregularidades no gabinete do deputado, à Polícia Federal. Procurada, a assessoria de Janones afirmou que os áudios são “tirados de contexto”.
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