21 de fevereiro de 2025

Bahia Política

Sem meias verdades

Plano para matar Lula? PGR aponta Bolsonaro, mas provas faltam

Foto: Arquivo/Antonio Augusto/Ascom/TSE

A denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, traz avanços significativos em relação às investigações da Polícia Federal sobre a suposta trama golpista do final do governo de Jair Bolsonaro (PL). Além de acusar o ex-presidente pelos ataques de 8 de janeiro de 2023, a PGR também afirma que Bolsonaro concordou com um plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. No entanto, parte das alegações se baseia em mensagens de WhatsApp que ainda carecem de comprovação mais robusta.

Entre os principais pontos da denúncia, Gonet sustenta que Bolsonaro tinha conhecimento e incentivou os atos golpistas que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes. A PGR cita uma mensagem enviada ao ex-presidente pelo major da Aeronáutica Maurício Pazini Brandão em 2 de janeiro de 2023, na qual ele menciona um plano de ação e questiona sobre a mobilização da “tropa”. No entanto, não há evidências de que Bolsonaro tenha respondido à mensagem ou dado qualquer ordem direta para a execução do suposto plano.

Outro ponto controverso da denúncia envolve o chamado plano “Punhal Verde Amarelo”, supostamente elaborado pelo general da reserva Mário Fernandes. O documento detalharia uma estratégia para eliminar Moraes, Lula e Alckmin, e a PF afirma que Bolsonaro tomou ciência do plano pelo fato de ele ter sido impresso no Palácio do Planalto. A PGR vai além e diz que Bolsonaro não apenas sabia, mas também aprovou a proposta. Essa acusação, no entanto, não é corroborada pela delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, que afirmou não ter conhecimento se Bolsonaro estava ciente do plano.

A denúncia também menciona a participação do general Estevam Theophilo, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, que teria condicionado a execução do golpe à assinatura de um decreto por Bolsonaro. Essa tese se baseia em mensagens de Mauro Cid, mas, em depoimento, ele próprio negou que Theophilo estivesse disposto a romper a legalidade. Além disso, a PGR destaca supostos esforços do entorno de Bolsonaro para impedir operações da Polícia Federal contra manifestantes antidemocráticos, com menções a um possível pedido para interferência do Ministério da Justiça.

Outro nome citado na denúncia é Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin, que teria enviado a Bolsonaro teses golpistas para justificar uma tentativa de ruptura institucional. A PGR afirma que Ramagem teria compartilhado um documento com um contato identificado como “JB 01 8”, que seria “evidentemente” Jair Bolsonaro. No entanto, nem a denúncia nem a investigação da PF apresentam provas conclusivas sobre a quem pertencia o número e em qual localidade estava registrado. Diante das fragilidades de algumas acusações, especialistas apontam que o caso ainda precisará de mais evidências para embasar uma condenação sólida contra o ex-presidente.

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