O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar réus o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados no caso da suposta trama golpista. O julgamento, conduzido pela Primeira Turma da Corte, avaliou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e concluiu que há indícios suficientes de que Bolsonaro coordenou esforços para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, destacou que as investigações apontam para a existência de uma estratégia de desinformação e ataques às instituições democráticas.
A decisão incluiu na ação penal figuras de destaque do governo Bolsonaro, como os ex-ministros Augusto Heleno (GSI), Anderson Torres (Justiça), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Braga Netto (Casa Civil e Defesa), além do deputado federal e ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem. A denúncia também cita o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente, cuja delação premiada foi um dos elementos centrais do processo. Apesar da unanimidade na aceitação da denúncia, o ministro Luiz Fux demonstrou divergências sobre a dosimetria das penas e defendeu que o caso fosse analisado pelo plenário do STF.
Outro ponto de debate entre os ministros foi a validade do acordo de delação premiada de Mauro Cid. Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin indicaram que podem reavaliar a colaboração do militar devido às mudanças em seus depoimentos ao longo das investigações. Fux declarou que vê com “muita reserva” o fato de Cid ter apresentado diferentes versões em suas nove delações e sugeriu que o momento apropriado para essa discussão será posterior. Apesar disso, o acordo permanece válido e segue como uma peça-chave no processo.
Com a aceitação da denúncia, o julgamento entra agora na fase de instrução processual, quando novas provas serão colhidas e testemunhas, tanto da acusação quanto da defesa, poderão ser ouvidas. A Primeira Turma do STF será responsável por decidir a condenação ou absolvição dos réus, e a expectativa é que a sentença saia ainda em 2025, antes do período eleitoral. Caso Bolsonaro seja condenado, ele pode enfrentar penas superiores a 40 anos de reclusão, além das sanções políticas que já enfrenta.
A nova etapa do julgamento representa mais um obstáculo para o ex-presidente, que já está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O TSE o condenou por abuso de poder político ao utilizar o desfile de 7 de setembro com fins eleitorais e por disseminar desinformação sobre o sistema de votação durante uma reunião com embaixadores. Caso haja uma condenação no STF, a situação jurídica de Bolsonaro pode se agravar ainda mais, dificultando suas estratégias para o futuro político.
Bolsonaro criticou a decisão da Corte e afirmou, em suas redes sociais, que o julgamento tem um caráter político e visa afastá-lo das eleições de 2026. Ele classificou o processo como um “teatro judicial” e acusou o STF de já ter um veredicto previamente definido. A defesa do ex-presidente também contestou a legalidade da delação de Mauro Cid e segue tentando reverter a decisão da Primeira Turma, mas o caso continua avançando dentro do Supremo.
Faça parte do nosso grupo no WhatsApp se preferir entre em nosso canal no Telegram.
Relacionadas
Netinho retorna ao hospital para nova fase do tratamento contra o câncer
MP denuncia Pablo Marçal por expedição arriscada no Pico dos Marins
Mega-Sena acumula e prêmio sobe para R$ 45 milhões